terça-feira, maio 27, 2008

eu não devia

eu não devia ficar um bocado melancólico quando ouço certas bossas-novas. não devia. afinal de conta eu nunca estive em copacabana. nunca andei pelo paredão, não passei no ipanema, nunca atravessei a rua Nascimento silva cento e sete. nunca fui a um fla-flu. não fui ao cristo redentor nem ao pão de açucar. não fui ao maracanã. nem fui à favela. mas sofro um bocado com os lamentos desta gente. noutra vida devo ter lá andado.


"Carta ao Tom 74"

Rua Nascimento Silva, cento e sete
Você ensinando prá Elizete as canções de canção do amor demais
Lembra que tempo feliz, ai que saudade, Ipanema era só felicidade
Era como se o amor doesse em paz
Nossa famosa garota nem sabia
A que ponto a cidade turvaria este Rio de amor que se perdeu
Mesmo a tristeza da gente era mais bela e além disso se via da janela
Um cantinho de céu e o Redentor
É, meu amigo, só resta uma certeza, é preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o amor


Rua Nascimento Silva, cento e sete
Eu saio correndo do pivete tentando alcançar o elevador
Minha janela não passa de um quadrado, a gente só vê cemento armado
Onde antes se via o Redentor
É, meu amigo, só resta uma certeza, é preciso acabar com a natureza
É melhor lotear o nosso amor

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