quarta-feira, novembro 28, 2007
telepatia para jesualdo
ele tem metido água. muita. e a sede parece não lhe passar.
segunda-feira, novembro 26, 2007
She is a Rainbow.
A outra substituição foi mais fácil. Saiu a novata Emiliana Torrini, fresca, fresquinha, a querer mostrar muita coisa e a ser uma agradável surpresa, com fintas, dribles e a querer fazer esquecer na selecção islandesa Bjork (a compatriota que, a meu ver, tem o lugar seriamente ameaçado) . Para o lugar, uns veteranos de peso: os pedras rolantes. E foram estes que em plena passagem da estação de s. sebastião para a do parque tornam a chamar a atenção dos meu débeis e distraídos ouvidos para uma singela canção, onde um subtil e infantil solo de orgão abre caminho para uma explosão de sabores sonoros qual prato de comida indiana auditivo.
e o metro voou.
sexta-feira, novembro 23, 2007
Para uma aproximação ao corpo
às vezes olho-me no espelho e observo-me com atenção. Durante Bastante tempo fixo-me no rosto. Experimentem.
É uma face em mudança. Está sempre em mudança, esteve sempre em mudança e nunca vai parar. Pergunto-me como posso ter sido tantas pessoas.
Debatam-se frente a frente com a vossa cara. Quando o tentam, algo se passa. Passado um certo tempo a pessoa que está diante de vós ganha um carácter exterior. Como uma palavra repetida muitas vezes, principia assim a perda do seu sentido e significado e o princípio da separação entre palavra enquanto grafia, som, e enquanto significado. Ou nas palavras de Saussure, a separação entre Significado e Significante. Experimentem com a palavra amor. Não não não. Experimentem com Cano. Não queiram perder o amor. para já. terão muitas oportunidades futuramente. experimentemos com a palavra cano. Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano Cano cano. e...já não é Cano. passa a ser uma sequência de sons. ca-no. Um ritmo de fonemas. uma amálgama em passagem. Também nós passamos a ser cano após muito tempo de observação. e separamos o cano da água (o trigo do joio?). E é fascinante que o consigamos ser para nós próprios. É um caminho de instrospecção. Quem é então aquele que está no espelho diante do nós ? Pela primeira vez afigura-se o eu como exterior. Podemos então passar a fazer dele o que quisermos. mas desta vez na terceira pessoa. Como o jardel (ver declarações fim de jogo anos 90:"O jardel esteve bem. Fez gol"),esse existencialista, na linha de sartre ou beauvoir mas muito mais eficaz no último terço de terreno. Assim, poderíamos avançar para um principio de teorização do porquê do pouco número de passes de certos número de jogadores e respectivo fuçanço (!), ou do individualismo notório no meio da colectividade feliz: é que quando o jogador segue com a bola passando um e outro e tentando ainda mais uma última finta, é com ele que ele joga, é com o seu eu, é um jogo colectivo muito pessoal. Sem passes falhados, reclamações ou triangulações erradas.
Jardel com o seu Eu era feliz.