Adeptos de 'tuning' criticam vazio na lei
SUSANA LEITÃO
Adeptos de 'tuning' criticam vazio na lei
A pé - os carros ficaram fora da marcha -, munidos de apitos, faixas, buzinas e até sirenes a imitar as da PSP, mostraram-se confiantes em ganhar a batalha. E não têm dúvidas de que hoje as pessoas sabem bem a diferença entre o tuning e o street racing. "É uma comparação absurda. Não temos nada a ver com esses actos marginais [as corridas protagonizadas pelos street racers] ", defendeu Alexandre Tomás, do Movimento Tuning Legal Já, organizador da manifestação. Entretanto, a União Portuguesa de Tuning garante estar disponível para dar às autoridades informações sobre o tipo de pessoas e os locais onde se realizam corridas. A Ponte Vasco da Gama, em Lisboa, é um dos locais.
O Código da Estrada, em vigor desde 2005, estipula que a transformação das características técnicas dos carros "é autorizada nos termos fixados em regulamento". O problema é que a regulamentação nunca foi publicada, criando um vazio legal e permitindo "a perseguição ao tuning", alertam. "Estamos à espera desde 2005 que a regulamentação prevista para o tuning seja publicada em Diário da República".
E quem pensa que esta paixão é exclusivamente masculina, desengane-se. Que o diga Vânia Domingos. Enquanto conduzia o carrinho de Mariana Janeiro, de 20 meses, gritava com convicção. A pequena adepta ainda andava na barriga e já "sabia o que era o tuning", diz orgulhosa. Em casa ficou o Rodrigo, de quatro anos, também adepto: "Não têm medo nenhum, adoram a música no carro", confessa. Não lamenta os mais de 15 mil euros que gastou no Honda Civic e no Renault Clio que mandou transformar e promete mesmo modificar mais "assim que a regulamentação for publicada. Nem penso duas vezes". A confusão entre quem altera o carro por estética e quem o modifica para ter mais potência já levou Vânia a ser multada "várias vezes. Ainda ontem a Brigada de Trânsito me mandou parar por causa dos vidros fumados", lamenta.